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Ser trans sempre foi um ato de resistência. No Brasil — e no mundo. Mas resistir não pode ser a única possibilidade. A 8ª Marcha do Orgulho Trans da Cidade de São Paulo vem para afirmar que não basta sobreviver — é hora de trans(ascender).

Trans(ascender) porque o verbo “trans” carrega movimento, fluxo, passagem. Carrega coragem. Ser trans, transcender, transmutar — são palavras que pertencem a todes que ousam se transformar. Independentemente da letra que você ocupa na sigla LGBTQIAP+, ou mesmo fora dela, o convite é um só: transformar-se dá trabalho porque dói. E dá medo. Mas também dá vida.

O conceito trans(ascender) carrega no nome a dança do que somos: seres em travessia, seres em reinvenção. Somos muites. Somos mil. Somos um corpo coletivo em expansão — e, sim, também um corpo político, quando lutamos para garantir nossa existência e dignidade.

Ascender, porque existir não pode ser só um ato de defesa. Pessoas trans — e todas as pessoas em processo de libertação — precisam prosperar, ocupar espaços de poder, crescer profissionalmente, conquistar segurança financeira e viver com dignidade. O topo do mundo não pode ser um território proibido para nós. A ascensão não é um luxo — é um direito.

No fundo, no fundo, poucos têm ousado adentrar o campo de sonhos. Porque tudo começa e termina na sobrevivência. Mas nós queremos mais!
Queremos cultivar sonhos, criar futuros, dançar outras realidades possíveis.

Transcender, então, é também um chamado ao coletivo:
Para irmos além do binário, do essencialismo, do corpo como único marcador de identidade. Para sonharmos juntes com o fim das caixas, dos rótulos, dos muros — e a construção de pontes, espelhos e jardins.

A 8ª Marcha do Orgulho Trans da cidade de São Paulo é mais do que um evento:
É um portal.
Um sopro de vida.
Um convite radical à liberdade de ser.